Semente da araucária foi extraída segundo padrões que permitem a conservação da floresta nativa

Ótimo exemplo de como o manejo sustentável do pinhão é possível e ainda gera valor agregado aos produtos da semente. Em um processo intermediado pelo Araucária+, iniciativa da Fundação Grupo Boticário em parceria com a Fundação CERTI que ajuda a conservar a Floresta com Araucárias, a cerveja de pinhão está sendo fabricada com sementes recolhidas em um sistema que preserva a natureza e gera renda para a comunidade.

Os pinhões usados na fabricação da cerveja são de uma área preservada em Urupema, Santa Catarina. A venda das sementes foi intermediada pela Fundação Boticário de Proteção à Natureza, que estabeleceu regras para auxiliar donos de áreas com araucária. Não é permitido o uso de agrotóxicos nem a realização de queimadas. De tudo que as árvores produzem, 20% das pinhas devem ser deixadas no local, para alimentar animais e garantir o surgimento de novos pinheiros.

O manejo sustentável gera valor agregado – tanto o produtor consegue mais pelo quilo do pinhão quanto a cerveja pode ser vendida com o diferencial de proteção à natureza. Na primeira negociação, três produtores participaram da venda. Um deles é Rosaldo Pagani de Almeida, que forneceu 300 dos 800 quilos de pinhão enviados à cervejaria. Ele cuida da Fazenda Água Boa, com 100 hectares, 40 deles com manejo de araucária. Nesta safra, ele recolheu quatro mil quilos de pinhão, vendidos, na média, a R$ 2,30. Já as sementes que foram para a produção de cerveja foram negociadas a R$ 4. “Estou curioso para beber a novidade”, comenta. Almeida também produz erva-mate sombreada pelos pinheiros.

Uma associação local foi responsável por sapecar e descascar o pinhão que seria enviado para a cervejaria, ao custo de R$ 3 o quilo, o que representou mais uma fonte de valor agregado.

Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Boticário, conta que o objetivo do Araucária+ é mostrar que é possível preservar as áreas naturais e ainda gerar renda para a comunidade. Como ainda está em fase inicial, a meta para os próximos anos é ampliar a quantidade de compradores e de produtores envolvidos.

O projeto ainda paga uma bonificação para que algumas áreas continuem intocadas – nem o pinhão é retirado. O Araucária+ também promove o manejo sustentável de erva-mate, que está sendo vendida para uma empresa norte-americana. Até o momento, a iniciativa ajuda a conservar 40 hectares de Floresta com Araucárias.


Fonte: http://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/noticias/pages/cerveja-de-pinhao-sustentavel-chega-ao-mercado-nacional.aspx