As redes inteligentes de energia – ou smart grids – são um novo modelo de distribuição de energia elétrica, que através de um sistema de troca de informação, associado a equipamentos de tecnológica de ponta, permite que essa distribuição se dê de forma mais segura e integrada.
A principal peculiaridade desse tipo de rede energética está em seu caráter bidirecional. Em outras palavras, abre-se a possibilidade de que as unidades consumidoras tornem-se, ao mesmo tempo, fornecedoras de informações e até mesmo de energia para o sistema. Cria-se, assim, a figura do “prosumidor”, ou seja, aquele que consome, mas também fornece energia excedente à rede.
Para que isso seja possível, todo o processo de distribuição energética deverá passar por um intenso processo de automatização. Os medidores convencionais serão substituídos por medidores inteligentes, que permitem auferir a qualidade da energia gerada e o consumo realizado, em tempo real. Isso também irá contribuir com a eficiência da energia gerada, permitindo identificar os horários de pico e reduzir a perda energética ao longo do processo de transmissão. Eventuais falhas ou quedas de energia também poderão ser identificadas com maior grau de precisão e reparadas em questão de minutos, graças ao intenso e constante fluxo de informações que a rede inteligente viabilizará.
Apesar de suas inegáveis vantagens à economia e mesmo aos consumidores em geral, as redes inteligentes de energia ainda estão em fase de estudo e estruturação no Brasil. Já surgem, porém, diversas iniciativas privadas e governamentais direcionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizem a implementação do sistema, e mesmo projetos pilotos visando à sua instalação.
Além disso, a própria ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – já iniciou o processo de normatização das áreas relacionadas à implantação das redes elétricas inteligentes. Destaca-se, nesse sentido, a Resolução Normativa 464/2011, que estabeleceu a diferenciação de tarifas a depender do horário de consumo, e a Resolução Normativa 482/2012, que regulamentou o acesso à micro e minigeração de energia elétrica.
A otimização do desempenho da energia produzida, sua distribuição e aproveitamento, obviamente refletirá em redução dos custos dessa produção e, via de consequência, em menores tarifas para os consumidores.
Mas as vantagens e oportunidades advindas da implementação das redes inteligentes não param por aí. Desde a produção dos geradores adequados, passando pela criação de novos serviços, até a aplicação da microgeração energética nas energias eólica e fotovoltaica, diversos serão os campos de atuação e novos mercados criados.
Tudo isso demandará, por óbvio, um avanço em ritmo equivalente por parte do Legislativo e dos órgãos reguladores, no sentido de balizar esse movimento de transformação tecnológica, garantindo assim a segurança necessária àqueles que pretendem, validamente, valer-se das oportunidades que o setor pode oferecer, e mesmo aos usuários do sistema de distribuição energética, que deverão se adaptar a essa nova racionalidade.
Ainda que os desafios sejam diversos, é inegável que as redes elétricas inteligentes representam um avanço sem igual na questão da eficiência energética no país, merecendo total atenção do poder público e da iniciativa privada para que sua efetiva implementação ocorra de modo ágil e seguro.
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