Por economia verde, indiano calcula valor da biodiversidade

A CoP-10 , conferência sobre biodiversidade que acontecerá em outubro, em Nagoia, no Japão, deve terminar com pelo menos dois passos importantes na preservação dos recursos naturais. Um deles é a criação de um painel científico que monitore as decisões políticas, assim como faz o IPCC , o braço científico das Nações
Unidas, nos assuntos climáticos. O outro é avançar em um dos temas mais delicados deste debate: o acesso à biodiversidade e a divisão dos benefícios do que resultar disso.
“Penso que a CoP-10 avançará nestes tópicos” diz o economista indiano Pavan Sukhdev, assessor especial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma ). Pela sua expectativa, a CoP-10 finalmente criará o Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Ecossistema – IPBES, na sigla em inglês -, uma antiga reivindicação da comunidade científica.
O outro tópico é montar uma moldura geral sobre o chamado ABS, o mecanismo que permita acesso à biodiversidade e a divisão de seus benefícios. Uma das complicações deste assunto é que a maior parte dos recursos naturais se encontra nos países em desenvolvimento, mas os centros de pesquisa e empresas, no mundo rico. Os benefícios da comercialização de produtos não são compartilhados hoje com o país de origem.
Sukhdev é o autor do estudo “A Economia de Ecossistemas e da Biodiversidade” (Teeb http://www.teebweb.org/>, em inglês), que reúne experiências em economia, política e ciência no combate à perda de biodiversidade. Sua atuação na área começou em 2007, quando ele era economista sênior do Deutsche Bank e foi convidado a calcular os custos dos danos à natureza causados pelo homem. Sukhdev esteve em Curitiba, na semana passada, para lançar um capítulo do Teeb voltado aos governos locais, e visitou São Paulo, participando de seminários sobre economia verde. É disso que se trata: “dar valor aos recursos naturais”. Seu estudo calcula que a perda anual da destruição da natureza significa algo entre US$ 2,5 trilhões e US$ 4,5 trilhões. Esta conta estima os serviços prestados por um ecossistema. No caso de um rio, por exemplo, prevê quanto custaria construir canais ou dutos para distribuir água. Ou o custo da polinização feita por abelhas. Mas dar valor à perda de uma espécie é complicado, reconhece. O indiano é homem de pensamentos originais. “O mito recorrente sobre energias renováveis é que significam redução de postos de trabalho. É exatamente o oposto”. Segundo ele, energias limpas exigem mais mão de obra qualificada, o que resulta em grande potencial de empregos. Lembra que o setor de petróleo e gás emprega 2,2 milhões no mundo e responde por 85% da produção de energia. “Hoje, as fontes renováveis, que respondem por 7% da energia, já empregam 2,3 milhões”. Sobre a reunião do clima em Copenhague, em 2009, o economista diz que saiu de lá desapontado, como todos. “Voltei com frio e gripado. Não estava feliz, mas pensei ‘e se tivéssemos tido a melhor solução possível’?”. Ou seja: e se Copenhague tivesse terminado com um acordo de corte de emissões de 40% para 2020 e de 80% em 2050? “Mesmo se tivéssemos tudo acertado, precisaríamos de um veículo para chegar lá, e este veículo é a economia verde”. Sua conclusão é positiva: “Ok, não colocamos os sinais na rua, mas e daí? Sabemos onde temos que chegar. Vamos voltar ao trabalho, porque com ou sem tratado, nada mudou.”

Fonte: Valor Econômico

2010-09-22T14:29:57+00:0022 de setembro de 2010|

Desafio para o Brasil na COP-10 é tema de debate na Câmara dos Deputados

Segundo pesquisa realizada por professores da Universidade de Campinas (Unicamp), o Brasil possui 9,5% das espécies conhecidas no mundo. As estimativas do levantamento indicam que nosso território possui um
número de variedade das mesmas que pode oscilar de 170 a 200 mil (número que pode ser muito maior, tendo em vista que grande parte das espécies do planeta ainda não foi identificada), e que cerca de 17% das árvores do globo estão em solo brasileiro.
Dos 26 /hotspots/ (locais de alta diversidade e grande número de espécies endêmicas, que ocorrem apenas em determinadas regiões) mundiais, dois estão no País, a Mata Atlântica e o Cerrado. A diversidade biológica não trata apenas das espécies de flora e fauna, mas faz parte da vida de todos os seres vivos. Para se ter uma ideia,a biodiversidade é a base da agricultura, das indústrias cosmetológicas, farmacêuticas e de pesquisas científicas.
Com o objetivo de discutir o tema, bem como os principais desafios e pontos que serão defendidos pelo Brasil em Nagoya (Japão), durante a COP-10, a Câmara dos Deputados de Brasília promoveu, de 13 a 14 de
julho, o Seminário “Ano Internacional da Biodiversidade: os desafios para o Brasil”, que abordou também as perspectivas para a conservação e uso sustentável dos componentes da diversidade biológica brasileira.
O diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, que participou do encontro, explicou que o tema é fundamental para a sobrevivência da vida no planeta, e que a perda da biodiversidade pode gerar efeitos irreparáveis. “A sociedade ainda não consegue associar causas e efeitos de muitas catástrofes ambientais que temos presenciado, e não faz a relação de quanto custa a solução e a prevenção de tudo o que envolve a proteção da biodiversidade e ecossistemas com o custo da remediação. Pretendemos demonstrar o custo-benefício de investimentos neste setor”. Segundo Dias, durante a COP-10 serão debatidos assuntos como biodiversidade de montanhas, florestas, áreas protegidas, ambientes marinhos, mudanças do clima, a expansão da produção de biocombustíveis sobre a biodiversidade e prevenção ao desmatamento, entre outros.
No segundo dia do seminário, a secretária de Mudanças Climáticas do MMA, Branca Americano, falou sobre a sinergia entre mudanças climáticas e biodiversidade, e lembrou que todas as atividades humanas provocam impactos sobre a natureza e a diversidade biológica. “A relação entre os temas é intensa, pois todas as formas de mitigação do aquecimento do clima são positivas para a conservação da biodiversidade, como a redução do desmatamento, por exemplo”.
Branca ressaltou que estão sendo implementados cinco planos setoriais de combate às mudanças do clima (todos convergentes com a conservação das diferentes espécies localizadas nos biomas brasileiros) nas áreas de atividades pecuárias; redução do desmatamento na Amazônia;siderurgia (com a utilização de carvão oriundo de florestas plantadas para este fim); zoneamento da cana-de-açúcar e matriz energética brasileira.
O deputado José Sarney Filho (PV-MA), da Frente Parlamentar Ambientalista, ressaltou a importância da mudança de comportamento na sociedade brasileira, de uso prudente e de valorização dos recursos naturais, e a necessidade da atualização da legislação frente às mudanças climáticas e à perda da biodiversidade.
Fonte: MMA

2010-07-15T12:14:46+00:0015 de julho de 2010|
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